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sexta-feira, 27 de maio de 2011
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Joaquim Tenório Sobrinho foi o primeiro da família a migrar para o sul, embora nunca tivesse deixado de proclamar sua paixão por sua terra. A circunstância, porém, assim o exigia, não chovia naquela região há algum tempo e desta forma tornou-se ele mais um retirante da seca. Foi vaqueiro, agricultor, comprador e vendedor de caprino e suíno, além de marchante (açougueiro) em Quitimbú; trabalhou em lavouras da região de Novo Cravinho, distrito de Pompéia-SP e no município de Marília. Mudou-se para Mato Grosso uno no ano de 1955, seu destino desde que saiu de sua terra natal, o que não aconteceu no primeiro momento porque o dinheiro findou-se por completo em São Paulo-capital, tendo sido obrigado a procurar na Estação da Luz o serviço de migração e de lá, acompanhado da esposa grávida e dos filhos Luizinho e Marizalve, tomar outro rumo e não o que projetara inicialmente.
Chegou a Cassilândia tempos depois, no dia 12 de abril de 1955. Sua família havia proliferado (coisas do sangue nordestino) haviam nascido mais três filhos: Lourdes, Cícera e Francisco de Assis, nascidos no interior do Estado de São Paulo. Deu uma volta na cidade, quando pode verificar não existir nenhuma carroça para fazer frete, sem pensar muito voltou ao interior de São Paulo, mais precisamente na cidade de Rubiácea, adquiriu uma com animal e tralha e rumou de volta a Cassilândia. Lá se foram 10 dias de viagem, dormindo ora embaixo da carroça ora em galpões ou paióis de fazendas.
Assim que retornou, iniciou o trabalho duro juntamente com seu filho mais velho, Luizinho; poucos dias depois estava de volta a Rubiácea para comprar outra carroça, o que foi feito sucessivamente durante 18 meses, período em que comercializou algo em torno de 40 destes veículos, tendo adquirido recurso suficiente para comprar um sítio, loteá-lo e homenagear seu estado de origem dando o nome do novo bairro de VILA PERNAMBUCO - o maior da cidade. Comprou fazendas, chácaras, sítios, gado, jipes, caminhonetes, caminhões e até aviões. Também foi o primeiro corretor de fazendas de Cassilândia.
Foi vítima de um acidente de avião quase fatal, no dia 02 de julho de 1968, no aeroporto de Ribeirão Preto-SP. Inexplicavelmente a aeronave caiu logo após decolar. Passou meses na UTI, teve seu rosto completamente deformado, o que não pôde ser corrigido a contento por cirurgias plásticas, dada a gravidade do acidente. Ainda assim não se deixou abater, dado seu carisma e coração devotado ao bem de seu próximo, tornou-se político por imposição do povo.
É, até hoje em dia, proporcionalmente o vereador mais votado da história de Cassilândia, obteve 35% dos votos válidos em sua primeira eleição. Para que tal votação seja superada, hoje, são necessários algo em torno de 4.500 votos! Foi Presidente da Câmara Municipal, uma vez vice-prefeito e duas vezes prefeito.
Maria Tenório de Melo, minha avó, a prima de Dodô, faleceu aos 77 anos, no dia 15 de abril de 1962, em Volta Redonda-RJ, vítima de um acidente, quando retornava ao estado de Pernambuco, depois de uma visita aos filhos em São Paulo e Mato Grosso, respectivamente. Ela pretendia fazer uma visita ao seu primo Tenório Cavalcante, o lendário “Homem da Capa Preta”, em Duque de Caxias, para onde seguia antes de voltar para sua terra, vez que na adolescência residira por aproximadamente 4 anos na pequena propriedade rural de seu tio, pai de Tenório, de quem a mesma cuidou.
Acalentava o sonho de conhecer um avião, achava, conforme ela mesma dizia: interessante ver aquelas máquinas voando como pássaros. Seu filho, Joaquim, sabendo disso a esperou em Jales-SP, no final de 1961, com um avião de sua propriedade. Lembro-me, como se fosse hoje, de lhe perguntar se havia gostado da viagem, ela respondeu que adorara, mas que havia ficado mouca (surda). Este foi o primeiro e único reencontro de Maria Tenório com Joaquim e sua família, dado o desfecho no Rio de Janeiro.
Os contatos anteriores a esse reencontro eram apenas por correspondência, via cartas, que demoravam de 30 a 60 dias para chegarem ao seu destino. O sistema de telefonia (interurbano) praticamente não existia, quando muito se falava de uma capital para outra ou de uma cidade grande para outra também grande, com demora nunca inferior a 10 horas.
O interurbano chegou a Cassilândia somente nos idos de 1976, com Pernambuco na prefeitura, quando fez questão que o então Pároco da cidade, Pe. Jhon Pace, fizesse a primeira ligação internacional para um parente residente em Washington, capital dos EUA. Na sequência, ele próprio ligou para o último governador de Mato Grosso uno, o sergipano José Garcia Neto, em Cuiabá.
Dois dos filhos de Joaquim Pernambuco enveredaram na política, eu, Luizinho Tenório, em Mato Grosso do Sul; e o caçula, Francisco de Assis Tenório, no Mato Grosso. As filhas são educadoras e também moram em Cassilândia. Concomitantemente a política, fui Fiscal de Rendas até me aposentar e hoje, enquanto economista, presto consultoria a diversas empresas, câmaras e prefeituras. Assis é empresário do setor madeireiro com atividades em diversos Estados do país.
Espero ter sido o mais esclarecedor possível, é muito bom, mesmo que a distância, sentir-me com um pé em minha terra, em meu berço! Aos conterrâneos custodienses um abraço fraterno do sempre sertanejo
Luizinho Tenório
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Em Cassilândia, o Joaquim Pernambuco, como ficou conhecido, construiu sua saga. De humilde retirante, quase miserável, mas pertinaz como poucos veio a se tornar um dos maiores produtores rurais da região, e antes de se tornar político, diga-se de passagem. Mas seu grande feito não foi simplesmente ter vencido a miséria e ter guinado os rumos de sua própria história e de sua família, seu grande mérito foi não ter se deixado embevecer pelo dinheiro e pelo poder.
Jamais perdeu de vista suas origens e justamente por isso nunca negou auxílio a quem quer que fosse. Mesmo após ter amargado a derrocada financeira, continuou ajudando àqueles que buscavam auxílio sobre suas asas, pois era bem assim que ele se portava, como um grande pai que a todos acolhia sob suas benesses. A Vila Pernambuco é , hodiernamente, a prova mais tangível disso, embora seja apenas a ponta do iceberg. Um bairro inteiro, o maior da cidade, entregue à população carente!
Sem deixar transparecer a mínima ponta de amargura continuou a ajudar ao próximo até o último dia de sua vida, literalmente, tendo doado o último punhado de arroz que tinha em casa pela manhã a um pedinte alegando à esposa que ao menos eles contavam com crédito na venda da esquina, mas aquele coitado nem isso. Veio a falecer poucas horas depois.
São inúmeros os casos de prova de humildade e fraternidade deste homem que poderíamos continuar a enumerar, aqui, mas este não é nosso objetivo. A homenagem já foi feita e por jovens que sequer chegaram a conhecê-lo pessoalmente, o que reforça ainda mais nosso sentimento de gratidão. Toda tentativa de se manter vivos na memória do povo vultos do passado que ajudaram a construir nosso presente são louváveis, pois um povo sem história, não é um povo, é tão somente um agrupamento de indivíduos sem identidade coletiva, sem referências.
Mais uma vez agradecemos pela distinta homenagem e apresentamos nossos votos de sucesso,
Luizinho, Marizalve, Lourdes, Cícera e Assis Tenório.
Joaquim Tenório Sobrinho, é pai de Luizinho Tenório, custodiense radicado em Cassilândia desde de 1955. Era conhecido como"Pernambuco", nasceu no sítio Lajedo, distrito de Quitimbu. Após falecimento de seu pai, assumiu as responsabilidades de sua família, rumou como chefe de família com seus familiares para Cassilândia/MS, lá construiu sua saga na política local, sendo prefeito por duas vezes, no período de 1963 a 1967, e de 1973 e 1977. A prefeitura de Cassilândia e um bairro levam seu nome